Tentação: Quebrar dúzias de copos na parede.
And all the children sing:
"We hate love, we love hate"
Marilyn Manson
I-Melodia na porta do inferno.
Cheguei em casa. Me livrando em um segundo da casca que me envolve, hipócrita, liberto em calor o demônio, a fúria, a frustração da incompetência que me foi rotulada e que não me intimida, mas me limita.
Canto, grito, berro o meu hino do ódio irresponsável onde cacos e cacos de vidro formam-se a tintilar a melodia do caos. Os cacos caem e não param de surgir. A forma fria e burguesa do copo, que recebe a visita e mostra aquilo que há de bom é extinguida. Ela vira sujeira, o feio, o real, anti hipócrita, inconveniente.
Alguns cortes nascem na pele. Nada que doa ou sangre muito. O suficiente para sujar, tirar da pele o falso e mostrar o real.
Quente, rápido, em cólera o corpo age involuntariamente.
II- Alvorecer
E cessa o caos. O corpo cansa, a alma não se sacia, entretanto, entristece.
E quando entristece, ah... Só restam os cacos. É tempo de limpar o que lhe fez mal. Uma cozinha despedaçada e uma vaga ideia ganhando força: o cuidado em ordenar de seus pais foi ultrajado. Eles podem chegar a qualquer momento. Como em um demônio agora a fraqueza surge, pois a casca de um demônio é o ódio, uma simples armadura que esconde, amargas, a tristeza e a condenação.
Como um escravo agora eu limpo, torço, resmungo o fim do hino e o responsável volta à tona. Me preocupo. Me limpo. Me renovo. Me acoxambro.
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