segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Dama de pedra, Grandeza de lama, Ignomínia sem par!

Tento na infância desvendar os caminhos que me tornaram assim.
Fria, incapaz de amar. Pelo menos aos olhos daqueles que me querem perto de um jeito especial.

Cada vez mais imagino duas garotas completamente opostas em mim.
Uma é aquela dominadora. Olhos bem delineados e boca vermelha. Olhar aristocrático. A imagino num bar. Uma roupa sensual ao corpo, cigarro na mão. Geralmente sendo observada por um garoto. Mistério é a sua aura, egocentrismo é tudo o que ela pensa. Em ser melhor, superior (é podre, eu sei. Mas é isso, em raíz) É interessante, sim. Mas olha para cada um que demonstra interesse como um jogador em potencial. Faz de tudo para ganhar, ser a mais forte. Pensa em status. Na sua imagem e reputação próxima ao tal. Não sei o que ela pensa do amor. Deve esperar o idealizado cair em seu colo, se apaixonar intensamente e ser feliz. E, é claro! Que ele goste muito dela. Pois se não o fizer, ela prefere sofrer escondida e revelar a mais bela e resistente armadura que se pode vestir. É a beleza. A imagem. O valor padrão que toma conta de mim, a que mais se desenvolveu nesses últimos anos. É a minha parte ultra-romântica, burguesa, decadente, doente. A mesma parte que precisa de nicotina para ir morrendo aos poucos e deixar este mundo infeliz e tedioso. A garota que sonha com seu carro, sua independência financeira. Facilmente esqueceria o ativismo e ideal espiritual por uma dúzia de viagens onde aprenderia novas línguas e conheceria gente interessante. Fascista perfeita.

A outra. Ah, a outra.. Eu imagino com um tênis batido, short e uma camiseta G masculina. Cabelo preso e óculos de sol. Ela eu vejo no sol. De dia, num ambiente fresco. Eu vejo a ideologia impregnada em seu corpo. Nada de pintura, peças de roupa caras, não. Ela não precisa de tais artifícios para se mostrar forte, inteligente e consciente de seus atos perante a sociedade. Nela eu vejo sempre um sorriso. Não muito dinheiro no bolso, nem um carro. Mas é mais fácil enxergar amigos. Amigos fortes, iluminados. Ela não sente necessidade de sair de seu estado. Tem tudo o que precisa para ser feliz aqui. O seu lugar, a sua personalidade. Coisas que a deixam feliz por se identificar com elas aqui mesmo, conhecimentos a trocar. Uma reputação sim, inevitável. Porém nada como "a garota difícil, garota problema, aventureira em corações". Confesso que, eu, como estou agora, impregnada da garota com olhar aristocrático, acho essa segunda meio sem graça. Incapaz de ter uma relação duradoura com alguém.

Não sei se Deus pode mudar a minha vida, mas, estou achando que Satã sim está tendo este poder. Não falo de corrupção, mentira, rituais maléficos. Falo de alienação. Burrice e egocentrismo. Amor idealizado e logo, tristeza.
A melancolia e a morbidez quando nos entregamos são doces. A atmosfera cheia de fumaça, densa, pesada e escura me acolhem. Entretanto, acho que isso só serviria para mostrar aos outros. Como cicatrizes nos pulsos de alguém corajoso demais para fazer uma imagem, mas covarde demais para se matar de fato.
Sinto falta do ar puro, de um sorriso. O coração batendo num ritmo em que a sensação inunda a alma. O vento batendo. A suavidade da tez, cabelos ao vento. Numa simples manhã de Sol, assim como era quando, aos seis anos de idade, eu acordava, abria as janelas e assistia televisão deitada. Era o alvorecer de um novo dia. Claro, fresco e livre.
Sinto falta de amar como criança.

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